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Foto do escritorDaniela Amaral

A Bibliotecária da OAB/PR

Atualizado: 19 de abr. de 2023

Entrevista com Rosilaine Pereira

Por: Daniela Amaral

É com grande satisfação que estamos criando uma série de entrevistas que envolvem diversos setores como órgãos públicos, estatais e culturais, para que possamos conhecer os bastidores, o funcionamento e os principais protagonistas dessas áreas.

Em nossa primeira entrevista vamos conhecer Rosilaine, ou simplesmente Rosi, como é conhecida pelos advogados e demais frequentadores da Biblioteca da OAB/PR. Formada pela UEL em 2004, Rosi é bibliotecária há 17 anos, sendo 10 deles dedicados à biblioteca da Ordem dos Advogados. Ela nos conta um pouco sobre o funcionamento deste setor, de suma importância para os profissionais do direito, e sobre as suas perspectivas em relação ao mercado de trabalho no ramo da Biblioteconomia, que é um forte aliado ao ramo jurídico.

Daniela: Quando foi criada a Biblioteca da OAB/PR?

Rosi: A criação da Biblioteca do Advogado foi idealizada na Gestão 2007/2009, inaugurada no dia 02 de outubro de 2009, no andar térreo da sede da Seccional do Ahú, onde permaneceu até fevereiro de 2019. Em abril de 2015 a OAB/PR inaugurou mais uma Biblioteca na sede do Edifício Maringá (centro de Curitiba) para receber uma doação de grande porte, oferecida pelo ex-conselheiro Professor Egas Dirceu Moniz de Aragão. Então, em 2019, as bibliotecas foram unificadas e passaram a funcionar na sede do Ed. Maringá.

Daniela: Qual o objetivo da biblioteca da OAB/PR?

Rosi: A Biblioteca do Advogado da OAB/PR foi criada com o intuito de servir como ferramenta de auxílio aos profissionais jurídicos na execução de suas tarefas do dia a dia, fornecendo suporte necessário através de processos de gestão informacional, proporcionando ao seu público alvo o acesso facilitado na recuperação de informações desejadas e promovendo produção do conhecimento de seus usuários.


Daniela: Como é composto o acervo da biblioteca?

Rosi: O acervo da Biblioteca da OAB/PR possui, aproximadamente, 90% de sua totalidade de obras jurídicas e o restante por obras em outras áreas. Sua composição compreende livros (raros e atualizados), periódicos e materiais multimídias. A biblioteca ainda conta com obras acessíveis (braille, letras garrafais, audiobooks) para apoio ao público PcD, totalizando quase 10 mil volumes.

Para realizar pesquisas na biblioteca o acesso ao acervo é livre. Contudo, a consulta é local, pois as obras, por sua finalidade, não podem ser emprestadas, ou seja, deverão ser utilizadas somente dentro da biblioteca.

Daniela: Como é feita a busca por assuntos ou títulos solicitados pelos advogados? O advogado já vem com o título ou apenas pede por assunto?

Rosi: O nosso acervo está totalmente informatizado, catalogado, classificado e indexado, obedecendo os padrões biblioteconômicos, o que torna o resultado das pesquisas bem mais satisfatório. A busca pode ser feita por autor, título, assunto, tipo de material, ISBN, ISSN, além de outros.

Existem advogados que trazem sua pesquisa pronta (realizando a pesquisa na página da biblioteca). Outros preferem saber onde ficam as obras de determinado assunto e também é bem comum alguns advogados solicitarem as pesquisas por autor, título e até mesmo assunto.


Daniela: Temos mistificado em nossas mentes que o bibliotecário faz quase que parte do mobiliário da biblioteca, que a sua função é sentar ler os livros e saber onde estão guardados. Mas, a verdade é que sabemos muito pouco sobre essa profissão. Na sua opinião qual é o estado atual dessa profissão? E como você vê a Biblioteconomia no mercado de trabalho no futuro? As novas tecnologias de informação vão nos tornar obsoletos ou vão auxiliar os bibliotecários no seu dia a dia?

Rosi: Eu acredito, com toda certeza, que a biblioteca e o bibliotecário serão sempre necessários em qualquer ambiente que disponibilize informação e conhecimento. Porém, cabe a nós bibliotecários atualização profissional e nas novas tecnologias, para não ficarmos estagnados, muito menos receosos e inseguros no desenvolver do nosso papel, que é o facilitador da informação, independente da forma que ela se apresente. Cabe ao bibliotecário codificar e decodificar essa informação e levá-la ao seu usuário final.

Ser bibliotecário hoje, para quem consegue acompanhar as inovações tecnológicas, se torna muito mais fácil do que era há uns 20 ou até mesmo 10 anos. Temos uma infinita gama de ferramentas para a recuperação das informações. Inclusive inúmeras formas de nos comunicar com nossos usuários, o que torna o bibliotecário um profissional de múltiplas funções.

Daniela: Então há espaço para essa profissão no futuro? E como ela pode contribuir ainda mais para a área jurídica?

Rosi: Como já falei anteriormente, atualização profissional e acompanhar a evolução das tecnologias se faz primordial, em qualquer profissão e para qualquer profissional. E para o Bibliotecário não se faz diferente, pelo contrário. Se faz necessário para o desempenho de suas tarefas, principalmente quando atuamos em funções na área jurídica, que é um ramo da biblioteconomia que vive em constante atualização, em virtude das mudanças no âmbito das legislações. A biblioteca jurídica não pode estar confinada no tempo e no espaço, não se pode minimizar o valor das obras impressas, como também deve-se aliar ao digital. O bibliotecário jurídico deve ser inovador, buscar fontes modernas e seguras para recuperação de qualidade das informações, sem deixar de conhecer o velho. Ou seja, equilibrar entre os dois mundos, das fontes tradicionais de informação e dos novos instrumentos de pesquisa e buscas que surgem a cada dia. A palavra-chave para a profissão do Bibliotecário é “adaptação”, acompanhando as transformações sem menosprezar ou valorizar excessivamente o tipo de fonte de pesquisa, muito menos o tipo de informação encontrada, seja ela atualizada ou não, e, acima de tudo, conhecendo seu usuário e entendendo o que realmente ele procura.

Daniela: Em todos esses anos de trabalho na OAB, você já viu e viveu muitas histórias. Tem alguma que mais lhe chamou atenção?

Rosi: Temos vários usuários que nos procuram com inúmeras necessidades informacionais, cada um com sua história e sua necessidade de informação. Porém, desde que a OAB/PR recebeu a doação das obras raras do Professor e ex-conselheiro Dr. Egas D. M. de Aragão, recebemos anualmente a visita de um advogado que mora em Paris. Toda vez que vem ao Brasil, esse advogado frequenta a Biblioteca, a fim de realizar pesquisas nessa coleção de obras raras. O bibliotecário jurídico não pode desvalorizar uma fonte de pesquisa por julgá-la obsoleta. Umas das leis da biblioteconomia diz que “todo livro tem o seu leitor”, e uma obra não se faz velha para aquele que ainda não a leu.

Daniela: Rosi, como você definiria a sua escolha profissional?

Rosi: Confúcio, pensador e filósofo chinês diz: “Escolha um trabalho que você ame e não terá que trabalhar um único dia em sua vida”. Essa frase me define profissionalmente. Não me tornei bibliotecária, nasci bibliotecária, talvez pelo tempo exercido, ou pelo amor que sinto por minha profissão, que me leva até mesmo pensar que profissão teria, se não fosse bibliotecária. Contudo, o ser humano esconde várias facetas, e com certeza possuo outros dons, mas prefiro seguir pelas veredas da Biblioteconomia, que me torna realizada profissionalmente.

Aprendizados tive muitos, porém, o mais importante é ter receptividade às mudanças do mundo, das pessoas e principalmente das tecnologias, que acontecem com uma velocidade avassaladora e absurda, para que dessa forma seja possível seguir em frente, não apenas na profissão, mas na vida.


Daniela Amaral


1 comentario


ctancon
29 may 2021

Parabéns pela entrevista, parabéns a Rosi por ser uma excelente profissional.

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