A sociedade contemporânea é pautada em mídias sociais. Tudo é postado. Viagens, eventos sociais e corporativos, prêmios, carros, etc... Enfim, exibe-se um mundo ideal e perfeito. Ninguém publica que está triste, endividado ou depressivo. Pelo contrário. Sucede que nesta ilha da fantasia, a disseminação da maldade é proporcional ao exibicionismo das postagens.
Pois bem. Recentemente, viralizou nas mídias sociais, inclusive alcançando jornais de grande circulação, o vazamento de uma conversa entre Magistrados, os quais, antes do início da sessão e sem saberem que estavam sendo gravados, conversavam sobre intimidades. Por óbvio, que a conversa (ou inadvertida “brincadeira”) foi inoportuna, máxime pela falta de decoro em um espaço público. Isso é fato. Todavia, esse aspecto aqui não está em discussão. Afinal, o que se pretende destacar, e que causa perplexidade, é como, em fração de segundos, seres humanos são desprezados e humilhados (inclusive com inúmeros memes e piadas pejorativas), sem qualquer preocupação com os efeitos perversos que a divulgação causará em suas vidas ou de seus familiares e amigos.
Nesse malsinado cenário, recordo de uma investigação policial açodada e midiática que levou ao suicídio de um reitor em Santa Catarina. Aliás, recomenda-se a leitura do trabalho investigativo e jornalístico realizado por Paulo Markun, que resultou no livro denominado Recurso Final, publicado pela Editora Objetiva. Desta forma, nada impede que a disseminação da maldade ocasione efeitos semelhantes. Infelizmente.
Portanto, há que se refletir sobre os reflexos e malefícios dessa sociedade contemporânea que cultua a disseminação da maldade, mesmo porque se nada for feito, amanhã poderá ser você, inclusive mediante a disseminação de fake news.
Carlos Alberto Farracha de Castro
Advogado – Doutor em Direito UFPR
Revisão textual: Jhenyffer Nareski Correia - @j.nareski
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