Quando criança, eu queria ter nascido homem. Sou irmã caçula de três guris e, bem, a vida me mostrou logo cedo que o mundo era um lugar mais cortês aos homens. Ao menos, se visto através das lentes que a sociedade coloca em nossos olhos curiosos quando somos inseridos na civilização.
Meninos e meninas são ensinados de maneiras distintas. Recebem diferentes incentivos. São alvos de expectativas desiguais. Creio que eu não esteja falando qualquer novidade e vocês, inclusive, devem concordar comigo. Enquanto meninos são estimulados a se aventurar e a explorar si próprio e o mundo, meninas são guiadas pura e simplesmente para corresponder às expectativas. Dos pais, da sociedade e a mais árdua de todas: de si mesma.
E, quando crescemos, as datas comemorativas surgem para nos lembrar que somos tão importantes quanto os homens. No dia das mulheres, recebemos flores. Na campanha do outubro rosa, usamos rosa. No dia a dia... bem, lutamos pelo nosso espaço.
Acontece que, nessa luta contra ou para o mundo, não podemos nos esquecer de olhar para dentro. Além de conquistarmos nosso espaço – onde quer que desejamos que seja – precisamos conquistar nós mesmas. Se olhe, se enxergue, se sinta. Se veja por outros ângulos e de outras formas. Conheça cada detalhe que faz de você ser quem é, por dentro e por fora. E, assim, se cuide. Se valorize. Se ame.
O rosa, em verdade, não importa. Mas o Outubro Rosa sim. É um alerta que, independentemente da cor, nos lembra que precisamos nos cuidar, nos tocar, nos amar. Sinta a liberdade de conhecer o seu corpo e, dessa forma, viva-a, respire-a a plenos pulmões. E não se esqueça: o autoexame é um ato de amor-próprio e de autocuidado.
Pensando bem, não queria ter nascido homem. Queria ter nascido mulher em um mundo com igualdade de gênero. Façamos nossa parte, para que as futuras mulheres tenham esse mundo – hoje imaginário – como realidade.
Marjorie Louise
Revisão textual: Jhenyffer Nareski Correia - @j.nareski
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