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Foto do escritorEmanuel Weber

A maior carga que um avião suporta é o peso dos sonhos de quem tem sede de viver

Atualizado: 18 de out. de 2023


Nunca se imagina quanta coragem exige a realização de um sonho. Na empolgação de viver experiências novas, às vezes não ponderamos o quão desafiador pode ser a realidade de morar sozinho, longe de tudo que foi a sua vida durante vinte anos e de todos que constituíram sua base durante todo esse período.


Posso afirmar com propriedade que isso não é fácil, mas a libertadora sensação de passar pelo árduo processo de amadurecimento e autoconhecimento é fantástica. A minha geração teve dois anos de sua juventude usurpada por um evento que estará nos livros de história nos próximos séculos. A pandemia do COVID-19 foi a nossa guerra mundial e, de maneira similar ao que os jovens viveram na década de 1950, possuímos um anseio de viver de maneira intensa, de criar memórias, de não ficar em casa (afinal, passamos dois longos anos confinados dentro de casa).


Mas após seis meses vivendo sem rotina, vivendo um sonho de conhecer vários países, várias culturas, de maneira livre, volto a olhar para dentro de casa e percebo a sorte e a felicidade que é estar com a família para um jantar, que é comer um bolo acompanhado de um cafezinho com a avó, que é estar com seus velhos amigos conversando sobre aquilo que fizemos há dez, quinze anos. Precisamos mudar a chave, passar a aproveitar o dia a dia, entender a beleza da rotina. Não precisamos rodar o mundo para comer algo novo, podemos fazer isso perto, ir em um restaurante novo, sentar na janela e aproveitar, pedir um prato diferente, mesmo que seja uma terça-feira. Parar de perseguir um destino sem aproveitar o seu caminho.


Gostaria muito de conversar com aquele viajante sonhador que estava inseguro há seis meses, com medo do novo e do futuro, e dizer que estou muito orgulhoso dele e que as experiências que ele viveu estarão no mais especial “canto das memórias". Como foram boas as noites de pasta e vino, os passeios na cidade medieval que tão bem me acolheu e me fez ficar fascinado com a história de cada tijolinho naquelas ruas.


A sorte é que as amizades que fazemos no caminho, as experiências que vivemos e memórias que foram criadas não pesam na mala, caso contrário nenhum avião suportaria o peso desta bagagem.


Emanuel Weber


Foto: Castello Estense, em Ferrara. Acervo pessoal de Emanuel Weber.




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