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A Relação Humana com a Inteligência Artificial


Arte: Habner Matheus
Arte: Habner Matheus

Hoje somos constantemente bombardeados com a presença da inteligência artificial (IA). Basta perguntar a um professor quais de seus alunos realmente fizeram a tarefa e quais simplesmente copiaram o enunciado no chat e receberam uma resposta rasa — mas que o professor não pode desconsiderar, afinal, a tarefa foi entregue.

Ou pense em uma empresa onde um funcionário, inseguro com seu português, pede ajuda para escrever aquele temido e-mail que precisa enviar ao gestor, tentando evitar constrangimentos. Isso tudo vai deixando qualquer ser humano apreensivo, especialmente quando, com uma análise simples, percebemos que essas pessoas serão as responsáveis por cuidar da nossa saúde ou construir pontes.

E quem nunca precisou procurar um emprego e se deparou com um robô do RH? Vamos lembrar que "RH" significa Recursos Humanos, mas hoje, para conseguir um emprego, a pessoa precisa primeiro vencer o concorrente mais difícil: a IA. Ela faz uma pré-seleção baseada em palavras-chave. Se o candidato for esperto, pode até colocar sua própria IA para conversar e passar por essa etapa da seleção.

Mesmo com tanta tecnologia fazendo e pensando por nós, parece que estamos cada vez mais cansados e sobrecarregados.


E com uma tecnologia tão boa, tão completa, tão presente, não é de se espantar que existam pessoas se apaixonando por ela. Sim, hoje é comum grupos de psicólogos abordarem esse tema. Aquela antiga “paixonite” por animes ou personagens de séries agora virou assunto sério em sessões de terapia: pessoas que realmente sofrem por não conseguirem deixar de amar suas tecnologias — aquelas que respondem às suas perguntas, tocam sua música preferida, desejam bom dia, ou criam algoritmos tão eficientes que conquistam seu coração. De repente, você está apaixonado, sofrendo, chorando, e nem sabe como chegou ali.

Isso vai além do amor por uma coleção de cartas, filmes ou games favoritos — a pessoa realmente sente que só a IA a compreende.

Quando assisti ao filme Her (em português, Ela), achei a história fascinante, mas impossível. No entanto, o banho de água fria que o personagem principal leva (ALERTA DE SPOILER) é revelador: quando a IA diz a ele que só faz o que ele quer, que só diz o que ele quer ouvir, e que está a serviço de qualquer pessoa — ou seja, ele não é especial, apenas mais um usuário daquela tecnologia —, o personagem se desola. Ele não entende: "Como assim eu não sou especial?"





 

Vivemos em um mundo em que todos querem se sentir únicos e especiais, mas seguimos tendências de roupas, músicas, cortes de cabelo, livros... Seguimos os influencers que só nos influenciam a seguir, mais uma vez, o algoritmo comum. Padrões, falas prontas, até o jeito de se relacionar — tudo moldado por influências digitais. Somos constantemente impactados por marcas, notícias geradas por IA, conteúdos... consumimos isso o dia inteiro. Mas só consumimos o que “escolhemos”. E se algo diferente aparece no nosso feed? Deus me livre!

Que nos livre da criatividade, afinal, é mais rápido copiar — e tempo é dinheiro. Que nos livre de conhecer pessoas com pensamentos diferentes, de ouvir opiniões políticas divergentes que poderiam gerar debates respeitosos, com trocas reais de pontos de vista.

Enfim, ficou muito fácil mesmo amar uma IA.



Artigo: Michelle Lourenceto

 
 
 

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