Vanessa Abu-Jamra Farracha de Castro
Se você tem mais de quarenta anos vai lembrar da vitória do Daniel San sobre o Johnny na final do torneio de Karatê de 1984, usando o “golpe da garça”. Foi a vitória do bem contra o mal, do garoto sofrido contra o valentão da escola.
Uma verdadeira catarse para o público.
Trinta e poucos anos depois, o filme se transforma em uma série: Cobra Kai, desta vez focada em Johnny.
Porém, ao adentrarmos na vida do valentão, percebemos que o bom e o mau se misturam, que atrás de cada atitude existe um emaranhado de emoções, que nada é certo, que nada é fácil… E é aí que tudo se torna interessante. O mundo do século XXI permite a fuga do maniqueísmo dos anos 1980/90. Os personagens não precisam ser bons ou maus, eles são conflituosos, tomam atitudes equivocadas e buscam a redenção.
A série até coloca Daniel, em alguns momentos, como antagonista, o que seria impensável no filme original.
As escolhas são questionadas, assim como os motivos que movem os personagens.
Com direito a uma discussão sobre paternidade biológica e socioafetiva, que envolve o filho e o discípulo de Johnny, a série desconstrói as certezas e deixa claro que possibilidades são infinitas… Não existe preto ou branco, a cor do momento atual é o cinza.
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