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Nada é impossível: a travessia de Philippe Petit

Atualizado: 29 de jul. de 2022

Eduardo Teixeira de Carvalho Junior -

O Equilibrista

Qual foi a maior realização da humanidade? A ida para a Lua? A circunavegação da terra? Em 1974, o malabarista francês Philippe Petit atravessou as extintas Torres Gêmeas do World Trade Center, equilibrando-se em uma corda amarrada em cada uma das torres (sem nenhum equipamento de segurança). Esse feito acabou inspirando o documentário O Equilibrista (Man on Wire, 2008), de James Marsh, ganhador de um Oscar e mais tarde o filme A travessia (The walk, 2013) de Robert Zemeckis, mesmo diretor de Forest Gump e De Volta para o Futuro, ambos disponíveis nas principais plataformas de streaming.


Philippe fugiu de casa para realizar um sonho: ser um malabarista. Depois de passar a vida junto a uma companhia circense, onde aprendeu os fundamentos básicos da arte de se equilibrar em uma corda, passou a viver como um artista itinerante, apresentando-se nas praças e ruas de Paris. Certo dia, deparou-se com uma reportagem sobre o projeto de construção do maior edifício já feito pelo homem: as Torres Gêmeas do World Ttrade Center, com 110 andares e mais de 400m de altura. Na perspectiva de Philippe, era como se as duas torres estivessem sendo construídas para ele amarrar um corda em cada ponta e atravessá-las no ponto mais alto em que um ser humano poderia andar. Dali em diante foram anos planejando e treinando para realização daquele objetivo. Mas como fazer isso? Além de extremamente arriscado, era ilegal, nenhuma autoridade permitiria uma loucura dessas. Só de pensar já dá um frio na barriga de qualquer ser humano normal. Além disso, parece não fazer sentido algum, uma ideia louca e extremamente perigosa. Seria algo como ir à lua sem um foguete.


Obstinado, Philippe passou a planejar e se preparar para realizar o seu sonho. Organizou uma equipe de apoio, outro bando de loucos, e viajou para Nova York. Depois de muito estudo do local, conseguiu se infiltrar e chegar até o topo da torre. Enquanto para muitos aquela corda poderia significar a morte, para ele simbolizava a vida. Com muita névoa e pouca visibilidade, ele iniciou a travessia e logo todos puderam observar lá de baixo, o que para a maioria seria uma das coisas mais insanas feitas por um homem. Quando estava prestes a chegar à outra ponta, Philippe percebeu que a polícia o aguardava. Neste ponto já poderia ter se considerado satisfeito, atingindo seu objetivo, entretanto, fez a volta e retornou, repetindo o percurso de ida e volta várias vezes, chegando a deitar-se no meio da corda, como se estivesse tirando uma soneca. Quando foi preso perguntaram a ele se havia ingerido bebida alcoólica ou alguma droga. Segundo Philippe, foi um ato de grande beleza estética e pura expressão da arte pela arte. Para muitos nova-iorquinos ele havia dado alma para aquela enorme torre de aço e concreto.


Qual tipo de lição poderíamos extrair dessa história fantástica? Não há dúvida que foi um ato arriscado e irresponsável, que poderia ter colocado vidas em risco. Contudo, por outro ponto de vista, é uma metáfora da vida. Todos nós temos sonhos, queremos ser alguma coisa e realizar feitos grandiosos. Por mais absurdo e sem sentido que possa parecer para as outras pessoas, não podemos desistir deles sob pena de nossas vidas perderem o sentido. São esses sonhos e objetivos que nos motivam e nos dão coragem para enfrentar os desafios que a corda bamba da vida nos impõe. Mas, não é fácil, só vontade não é suficiente, é preciso planejar, trabalhar, perseverar e ter paixão naquilo em que depositamos nossas energias vitais.


As grandes realizações do homem são fruto de muito suor e trabalho, como na célebre frase de Thomas Edison (inventor da lâmpada), “Genialidade é 1% inspiração e 99% transpiração”. A vida é como andar em uma corda bamba, precisamos nos equilibrar diante de todas as dificuldades e problemas que vão aparecendo ao longo da nossa trajetória, sem nos deixar cair. Afinal, qual o sentido da vida, qual é o nosso objetivo? Isso deve ser definido por cada um de nós, e é isto que nos ensina Philippe Petit, que nada é impossível.


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