Era uma vez um país chamado Ilha de Vera Cruz. Sempre dominado pelos Donos do Poder, originários da Corte Real do condado Portucalense. Aqui desenvolveram canaviais, cafezais, bananais, sempre mediante à exploração do meio ambiente, dos escravos e índios. Enfim, “colonizaram” a região. Veio a República, com um novo discurso. Governos sucederam, autoritários ou não, mas sempre apoiados pelos Donos do Poder. A Ditadura Militar assumiu o governo, sob a promessa de afastar o comunismo e na defesa da ética e da família. Criou-se a uma nova mídia, ou seja, a Rede Bobo, com seus artistas nacionais, dentre os quais, Tony Peludo, Regina Sem Arte, Tarcísio Bonitinho e o William Moralista.
Nesse período, porém, a sociedade organiza-se, com intelectuais, professores, profissionais liberais, jornalistas, os quais defendem um estado democrático. Nascia o Partido dos Operário (PO), com seu líder, o Duda. Pois bem. Ditadura terminou. Promulgou-se uma Constituição Democrática, buscando constituir um Estado de Direito. Após várias décadas o Partido Operário chegou ao Poder. Por óbvio, com o apoio da sociedade organizada e dos mesmos Donos (ou melhor, abelhas) do Poder. Criou-se o bolsa assistência aos menos favorecidos. Pregou-se um discurso de paz e amor. Defendeu-se um estado social, com uma economia de mercado. Enfim, o Duda tornou-se um símbolo nacional e internacional. Discursou na ONU, sustentando uma nova ordem internacional dos países emergentes. Líderes Mundiais, falavam “é o cara”. Isso mesmo!!! O país parecia uma ilha da fantasia e não de Vera Cruz. O cenário, no entanto, mudou.
Descobriu-se que o Partido Operário, de fato, possuía um programa de poder e não de estado. A corrupção tornou-se avassaladora. Seus fundadores, em sua maioria, abandonaram o partido. Todavia, os atuais comandantes do Partido Operário, em conluio como as abelhas do poder assaltavam o Estado. A sociedade não aguentava mais. Surge, então, os moralistas. Afinal, na Ilha de Vera Cruz, existia uma Capital, habitada por índios Tingüi, denominada Terra dos Pinheirais. Lá habitavam estudantes de direito, que se tornaram integrantes do Judiciário e do Ministério Público, sendo que desde os bancos escolares, dedicavam-se a concretização de um verdadeiro de Estado de Direito. No exercício do Poder, com o apoio da Polícia Federal criaram uma operação judicial, denominada “Câmara de Gás”. Assim, passaram investigar a corrupção do Partido Operário, por intermédio da estatal Gaspetro.
Enfim, a operação tornou-se um sucesso nacional. A Rede Bobo (aquela mesma que apoiava a ditadura) deu uma repercussão midiática. O povo foi às ruas, pedindo um basta a corrupção. O Duda foi preso, como chefe de uma quadrilha. O juiz que comandava a operação, conhecido como “mão de ferro”, tornou-se símbolo internacional. Proferia palestras em diversos países. Um verdadeiro super herói. Os membros do Ministério Público que comandavam a “força nacional”, acompanharam essa tendência. Faziam discursos inflamados na Rede Bobo. Posavam em “outdoors”, adesivos e camisetas. Viva a “Operação Câmara de Gás”. Os artistas da Rede Bobo, ficaram com ciúmes. Ninguém mais falava do Tony Peludo e do Tarcísio Bonitinho. Só lhes restava assim, defender a operação “Câmara de Gás”, tanto que o William bonitinho, em seu Jornal só “babava ovo” para operação. Viva os Moralistas. Faziam inveja ao famoso personagem de Simão Bacamarte do conto “O Alienista”, de Machado de Assis. Ai de quem se manifestasse em sentido contrário. Ouvia-se: “seu corrupto”, “comunista” mesmo que integrante do próprio poder Judiciário. Direito de Defesa. Para quê? Precisamos acabar com a corrupção. Advogados somente atrapalham o Judiciário, com recursos infinitos, privilegiando os corruptos. Sucede que o Mão de ferro e integrantes da “força nacional” esqueceram uma lenda popular: “a vaidade é um dos pecados que o Diabo mais gosta”.
Nesse cenário ressurge um polêmico político carreirista, proveniente das forças armadas. Quem? O Capita. Palmas para o Capita!! Afinal, sustentava discurso oposto ao Partido Operário. Defendia a nova política. Chega de corrupção. Viva a “Operação Câmara de Gás”. “Ilha de Vera Cruz acima de tudo e Deus acima da Lei”, esse era seu lema. As elites adoraram. Outra vez manipularam os habitantes das Ilha de Vera Cruz. Nem em família era permitido discordar. Enfim, o Capita assumiu o Poder. Mão de ferro, abandona a magistratura e vira Ministro da Justiça. A Regina sem arte, sai da rede bobo e assume o Ministério da Cultura, de um governo que despreza a cultura e a diversidade. Surreal, para dizer o mínimo.
Porém, o que não se sabia era que junto com o Capita, vinham os “três porquinhos”, ou seja, seus filhos. Com eles acusações de desvios de dinheiro público, “fake news” e até vínculos com as milícias das favelas. Sério? Isso mesmo. Mas não é só. Os donos do poder são esquecidos. Para o Capita, não existe democracia. Para que Direitos Humanos, Poder Legislativo e Judiciário, proteção ao Meio Ambiente, a cultura e a liberdade de expressão? Educação então…O lema agora é: “lei e ordem”.
O Capita ataca a mídia. Descobre-se, no entanto, que os seus seguidores coordenam um verdadeiro “gabinete do ódio”, por intermédio da disseminação de “fake news”, com ofensa às instituições. Coitado do “Mão de Ferro”, ministro da Justiça, nesse cenário. E seus ideais? Pois bem. Divulga-se na mídia que a operação “Câmara de Gás” era manipulada. Ao invés de aplicar a lei, membros da “força nacional” e o “Mão de Ferro” tinham um grupo de whats. Lá combinavam quem seria processado e condenado, para dizer o mínimo. Era tudo que o Capita queria. Assim, como “dois bicudos não se entendem”, Mão de Ferro abandona o Ministério da Justiça. Sai denunciando. O Capita revida, ganhando apoio daquelas abelhas do poder que foram prejudicadas pela “Operação Câmara de Gás”. Consolida-se, assim, o discurso contra os abusos dessa operação, sob o argumento que embora tenha combatido a corrupção, destruiu empresas viáveis e, portanto, milhares de empregos, atacou indevidamente os Tribunais Superiores, ofendeu o sagrado direito de defesa. O próprio chefe do Ministério Público (escolhido pelo Capita e não por seus membros, como era uma tradição), inicia uma cruzada contra aquelas “forças nacionais”, cujos membros renunciam ou pedem afastamento. Portanto, no que diz respeito aos moralistas, uns retornam a academia, outros aos seus postos originários.
Não bastasse tudo isso, a ilha de Vera Cruz enfrentou uma crise pandemia sanitária internacional, sem precedentes na história mundial, instaurada por um vírus denominado Demo-19. Contudo, para o Capita, era só uma “gripezinha”, embora tenha matado mais de 125 mil pessoas. Então, desmoralizado por seus rompantes, somado ao abandono de políticas públicas voltadas para educação e saúde, denúncias em desfavor dos seus familiares, agressões ao meio ambiente e a liberdade de expressão, restou ao Capita abandonar seu discurso e aliar-se a velha política, ou seja, as abelhas do poder. Salve o Meião. Enfim, “está tudo como dantes no quartel de Abrantes”. Por favor, não. Outra vez???
Espera-se que os moralistas façam uma reflexão autocrítica. Recuperem seus ideais, a humildade e os princípios democráticos, para que, em conjunto, com a sociedade organizada, ou seja, professores, trabalhadores, empresários, comunidade artística, intelectuais, profissionais liberais, a nova geração de políticos, entre outros, possam retomar fundamentos republicanos. Para que assim se faça a construção de uma sociedade mais justa e solidária, com a erradicação da pobreza e pautada na dignidade da pessoa humana. As próximas gerações merecem esse esforço. Somente assim, a Ilha de Vera Cruz deixará de ser uma República de Bananas, tornando-se um verdadeiro Estado Democrático de Direito.
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