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Foto do escritorDaniela Amaral

Qual será o seu legado?

Atualizado: 19 de abr. de 2023


Muitas vezes, olhamos para o céu e o vemos límpido, calmo e ensolarado. Mas, você já se perguntou se está olhando do ângulo correto? Pois quando vemos de dentro do olho do furacão, temos a falsa sensação de calmaria e esquecemos que as paredes que o envolvem estão cheias do real potencial de destruição.


Com a chegada da vacina, criamos uma sensação de ilusória segurança, de que tudo está sob controle. Só que o vírus, assim como nós, quer, acima de tudo, sobreviver e, como nós, ele se adapta e se reconstrói. Não cabe a mim tentar fazer conjecturas científicas e análises de tudo isso, afinal não sou especialista na área de saúde ou coisas do tipo, sou somente uma sobrevivente.


Depois de passar uma semana infernal contaminada pela Flurona (Covid-19 + Influenza), resolvi escrever esse texto. O intuito não é comentar sobras as mazelas sanitárias da nossa sociedade atual, mas refletir sobre da responsabilidade política, médica e do cidadão.


Acredita-se que o sistema de saúde, por mais precário que pareça, fará de tudo para te salvar. Que o governo viabilizará meios e fundos para o profissional de saúde atender, da melhor forma possível, o paciente, e que o médico, por sua vez, fará o seu melhor para te ajudar. Por fim, o cidadão irá para casa após uma consulta com as recomendações necessárias, medicamentos adequados e fará a sua parte, cumprindo a quarentena de maneira responsável, sempre pensando no melhor modo de não retransmitir o vírus a mais pessoas.


Como já disse, não sou especialista médica, nem política ou jurídica. Mas sou cidadã e é pela minha visão que lhe conto o que observei durante a semana que passou.


Vi uma administração pública perdida em ordens em regras que nem ela mesma entende. Médicos presos a burocracia, esquecendo-se que na sua frente, durante a consulta, encontra-se um ser humano, o qual, no momento, carrega consigo uma bomba relógio que pode ou não explodir – e que só precisa ser ouvido quando pede socorro. Observei cidadãos tão atormentados em pagar os seus ditos boletos, dizendo de forma despreocupada que, caso o resultado desse positivo, não diria nada a ninguém, pois tinha que continuar trabalhando. Talvez, de tudo o que eu vi, essa foi a minha maior decepção: por mais que tenhamos os nossos malditos boletos, um cidadão se acha no direito de matar e sair impune.


Parece um tanto quanto exagerado, mas pensemos um pouco. Mesmo ciente de carregar o vírus no corpo, sendo ele altamente transmissível, essa pessoa acordará pela manhã e pegará quatro ônibus lotados para chegar ao trabalho, o que significa que ela encontrará pelo caminho pelos menos umas 500 pessoas, desse número, ela pode contaminar umas 10. Dessas 10, umas 5 podem nem ter os sintomas e continuar as suas vidas, fazendo o mesmo ciclo de contaminação; e talvez um somente, um desses contaminados, possa vir a óbito. Isso já não é culpa o suficiente para você? E se eu te contasse que a vítima do ato irresponsável daquele cidadão era a vida de alguém? Talvez ela fosse uma mãe, uma filha, uma esposa ou quem sabe um pai de família? E tudo isso pode ter acontecido simplesmente porque você queria pagar aquele boleto.


É chegada a hora de parar de apontar culpados, sejam eles o sistema de saúde, os médicos relapsos, as políticas ineficientes ou o próprio vírus. É hora de olhar para lado, se não com amor ao próximo, ao menos com responsabilidade de que fizemos a nossa parte da melhor forma possível. Uma vida não pode ser taxada em valores financeiros, mas em valores morais. Por isso, é tempo de romper o ciclo de eximir-se da própria culpa e ter consciência de que sim, os seus atos têm consequência e que podemos – e devemos – fazer a diferença.


Não adianta admirar a grama verde do vizinho se você não regar a sua. Não adianta criticar o político como corrupto se você continuar a furar a fila porque se acha mais esperto. Exemplos bobos e banais? Sim. Mas, assim como as batidas da asa de uma borboleta na teoria do caos, tudo começa pequeno até formar o furacão. O que eu quero dizer é que todos nós podemos construir algo melhor, juntos. E que somos responsáveis por tudo o que acontece ao nosso redor. Então, façamos por merecer e no final do seu dia, do ano ou até mesmo da sua vida se pergunte: qual é ou será o seu legado deixado para a sociedade?


Daniela Amaral



Revisão textual: Jhenyffer Nareski Correia - @j.nareski



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