Há tempos li o livro de Franz Kafka, “A metamorfose” e me senti angustiada e enojada com a tal transformação, o quarto virou o mundo dele e aos poucos sua família vai ficando mais irritada com a presença deste ser que beira a repugnância.
Quem não produz, não trabalha, não traz o sustento, não sustenta sua ostentação está fardado ao fracasso, e a incomodar quem está por perto.
Esta foi a metáfora perfeita sobre o capitalismo que vivemos há tanto tempo e que o autor traz tão bem, se não produz é barata, é estorvo é o nada , é descartável, quem te amava já não pode te suportar, o amor vem quando todas as engrenagens estão no lugar conforme a sociedade nos impõe.
Outro livro que chama a atenção quando o assunto é a falta de produtividade “ A vegetariana” que ganhou um Nobel me trouxe certa curiosidade, como um livro com assuntos gastronômicos pode ser tão bom a ponto de ganhar um Nobel? Sempre julgando o livro pela capa, mas lendo para ter certeza do que realmente tratava, me surpreendi com a historia de uma mulher que de repente não se encaixa mais na sociedade, não consegue mais viver pelo marido, e fazer o que ele espera, traz no seu jeito a curiosidade do cunhado que vendo a cunhada numa situação de problemas mentais não se oprime em tirar proveito de varias maneiras já que está se quer conseguia decidir por ela mesma, e a irmã que sente o peso de ter que cuidar e não entende como a irmã ficou doente, não entende porque o tratamento tão caro não surte efeito, simplesmente culpa a irmã doente por não melhorar, o mais inusitado é que em nenhum momento o livro vai contar realmente o diagnóstico, talvez isso não importe no nosso mundo tão corrido, o que importa é a necessidade de ficar feliz e andar conforme a sociedade espera.
E o que estes livros tem em comum? A dor do outro por ver que alguém antes tão normal, não produza doença que paralisa, a pessoas não se adapta as situações cotidianas, ela quer a solidão, o novo, fazer algo que realmente queria , isolamento, ser amado quer ajuda quer ser vista neste momento que mais precisa,
E quem realmente somos? Será que importa tanto dizer a todos nossa profissão seguido da empresa que trabalha, ou eu sou filho , pai, mãe, fui criança, marido, filha, cozinheira por memória afetiva, fazedor de pipas na infância, ciclista de finais de semana, amador das paisagens, fotografo de selfies oficial da família, , dançarino da minha casa, leitor , enfim, somos um universo inteiro e seres complexos para simplesmente ficar na caixinha do que sou na carteira de trabalho.
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