Os meses que antecedem as eleições sempre foram um momento reflexivo para mim no âmbito da política. Um momento em que paro para analisar com mais cautela nossos representantes e aqueles que desejam ser. Confesso que acho no mínimo cômico e um pouco frustrante, todo ano de eleição é a mesma história, somos bombardeados por discursos utópicos e promessas vazias. O que considero de certa forma trágico, é quase como que se tivéssemos perdido a esperança.
E, nesse ano em especial, eu parei para refletir sobre nosso atual representante, Jair Messias Bolsonaro. Confesso que escrever o nome dele em letra maiúscula e chamá-lo de meu representante me dá uma certa repulsa. Creio ser bem claro meu descontentamento com sua pessoa e com o cargo que ocupa. Desde o início de sua campanha, nunca fui apoiadora e o discurso de que “ele é melhor do que o PT” nunca me convenceu. Entretanto, foi esse discurso que o colocou no Palácio do Planalto… Muitas vezes fui questionada por familiares e amigos próximos, que tentaram ao máximo me convencer de que ele seria uma solução, uma saída para a corrupção e o tão esperado fim do poder do PT. Todavia, respeito qualquer tipo de posicionamento, mas não concordo.
Bolsonaro, em minha visão tem inúmeros problemas que realmente me incomodam e que me fazem acreditar que o representante ideal é o oposto dele. Não digo no sentido de partido político, porque, sim, o PT foi um dos responsáveis por uma corrupção sem precedentes na história do país. Mas não consigo compactuar com uma pessoa, ainda mais com um presidente que faz declarações homofóbicas, racistas e machistas, um presidente que denomina uma pandemia de “gripezinha”, um representante que tenta intervir na Polícia Federal, que desrespeita a livre imprensa, que tem um comportamento extremamente autoritário e instável.
Vivendo um momento tão crítico quanto o do Brasil, uma das coisas que mais me incomodam no atual presidente é sua falta de representatividade, sua ausência de postura diante assuntos tão importantes, gerando insegurança e dúvidas nos cidadãos. O que esperar de uma sociedade em que o próprio presidente desmerece uma pandemia? Como lutar contra a homofobia, quando nosso próprio presidente disse que não poderia amar seu filho se o mesmo fosse gay? Como explicar a importância do feminismo, quando nosso representante diz que jamais estupraria uma mulher porque ela não merece, pois seria feia demais para isso?
Considero um dos maiores problemas no governo que, com tais atitudes e falas, o atual presidente legitima muita coisa. Afinal, quando nosso próprio representante propaga tais posturas e falas abre espaço, dá aval para que a sociedade aja de tal forma. Se a nossa figura máxima, representante do povo age de tal forma, porque a sociedade faria diferente? Sendo então, exatamente esse o embate. O presidente de um país, deve ser a representação de tal, deve ser o exemplo, a voz do povo.
E eu acredito ou prefiro pensar que o Brasil não possui e não merece tal representatividade ou melhor, eu sinto muito pela nossa falta de representatividade. Espero que na próxima vez em que formos às urnas, antes de pensar em partido político, pensemos em tudo aquilo que o candidato escolhido irá representar ou deixará de representar. Isso vale tanto no âmbito municipal quanto no nacional. Desejo que as eleições do próximo domingo sejam movidas pelo verdadeiro espírito de cidadania.
Desejo também ao Brasil, nas próximas eleições presidenciais, um verdadeiro líder, alguém de quem possamos nos orgulhar por ocupar uma cadeira tão importante. Que em 2022 um verdadeiro presidente possa entrar pelas portas do Palácio do Planalto.
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