A série brasileira,” Bom Dia, Verônica”, lançada em outubro de 2020, não possui um enredo fácil de assistir, pois além de ressaltar de uma maneira explícita o perigo exacerbado que as mulheres brasileiras sofrem, apresenta uma grande ênfase na corrupção e desvio de valores, presente nos três poderes da República Federativa Brasileira.
A série retrata a história de Verônica Torres (personagem principal) , escrivã da Delegacia de Homicídios de São Paulo. E diferentemente de seus colegas, apresenta sede por justiça, visando solucionar as investigações e inquéritos, que envolvem vítimas de abusos sexuais, físicos e psicológicos.
Não é necessário assistir o seriado, para saber que inúmeras mulheres brasileiras encontram-se neste cenário, consequência de uma patriarcado enrustido no seio da sociedade. A inferiorizarão e objetificação das mulheres perante os homens, ou seja, o denominado machismo, é causa primordial deste tipo de violência. Ademais, a série se preocupa em salientar, que as vítimas, muitas vezes por vivermos em uma sociedade conservadora e opressora, se sentem sem voz, deixando de pedir ajuda por medo do que possa vir a acontecer, ou até mesmo por se sentirem culpadas pelos abusos que sofrem. Sem contar, que inúmeras vezes muitas pessoas duvidam dos relatos das vítimas.
O contraste entre os personagens da série, reflete muito acerca das ideologias que norteiam a sociedade, e a polarização em que se vive. De um lado da história, Verônica, uma mulher, com uma visão de mundo humanista, dotada de empatia e genuinamente buscando fazer justiça, através de todos os meios que estão ao seu alcance. Não obstante, do outro lado, um sistema corrupto, no qual, menospreza as atrocidades que essas vítimas sofrem, visando apenas o que é convivente a seus cargos e posições.
Entretanto, apesar da série tratar de assuntos densos, é de extrema relevância sua abordagem, para que cada vez mais fique explícito as barbaridades que as mulheres brasileiras sofrem e a omissão do Estado perante casos como esses.
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