Torre de Marfim é um filme/documentário lançado em 2014, trata da crise educacional do ensino superior (“mercantilização do ensino”), enfatizando os dilemas enfrentados pelas universidades americanas. Está disponível na Amazon Prime Video, Apple TV, entre outras plataformas.
É interessante que o filme retrata o desenvolvimento do ensino superior americano e sua fundamental importância na construção dos Estados Unidos, para então, enfrentar a indústria que se transformou o ensino, com rankings entre as melhores universidades e, por consequência, a construção de enormes campi, com teatros, piscinas, “party school” e outros recursos de entretenimento.
O documentário revela, pois, que as universidades adotaram um modelo de negócios, em detrimento da educação. Esse malsinado sistema culminou com mensalidades altas e o endividamento dos jovens por intermédio da obtenção de créditos educacionais alcançou a cifra de um trilhão de dólares. Ou seja, o aluno conquista o diploma de ensino superior, ficando, no entanto, refém de um passivo para alguns impagável, sem qualquer garantia de acesso ao mercado de trabalho. Mas não é só.
O documentário enfrenta outras questões, como a transformação do aluno em cliente, as perspectivas do ensino a distância (cuja importância do debate aumentará no período pós pandemia Covid-19), a preocupação de ex-alunos com a crise educacional criando “alternativas” educacionais com o intuito de se buscar um estudo acessível, em razão do modelo empresarial consolidado pelas universidades. Para tanto, demonstram personalidades que abandonaram o curso superior, a exemplo de Steve Jobs (Reed College 1973), Bill Gates (Harvard 1975) e Mark Zuckerberg (Harvard 2005). É fato, porém, que a maioria dos alunos que abandonaram o ensino superior não possuíram o mesmo sucesso. Outro eixo temático é a Cooper Union, em Nova York, cujo ensino era gratuito e virou pago.
Enfim, para aqueles que se preocupam com a educação e sustentam sua importância na construção de uma sociedade mais justa e solidária, o filme Torre de Marfim auxilia nessa reflexão, mesmo porque as universidades ainda possuem papel central nesse desafio. Resta-nos discutir como deverá ser a metodologia adequada nos tempos atuais.
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