Muitas vezes quem somos é muito diferente daquilo que um dia planejamos ser. Nossos ingênuos sonhos da infância e da adolescência tornaram-se alucinações, fantasias de uma mente imatura.
A cada escolha que fazemos nos deparamos com a realidade atual que se concretizou num pequeno intervalo entre a juventude e o início da idade madura. E nesse vai e vem da vida, como num piscar de olhos, nos tornamos as pessoas que dizíamos que nunca seríamos. Fazendo tudo aquilo que havíamos prometido nunca fazer, seguindo a largos passos o mesmo caminho trilhado por nossos pais, repetindo as suas frases como mantras. Por vezes, seguimos com mais acertos do que erros e muitas vezes graças aos ensinamentos deles caminhamos com mais cautela. Pode-se dizer que em um instante temos uma vida inteira pela frente e no outro já é janeiro de novo, mês dos impostos, matrícula do filho, material escolar, cartões de crédito estourados por culpa do espírito natalino e uma ressaca moral repleta de promessas não cumpridas pela virada de mais um ano.
Será que nos tornamos apenas sombras dos nossos sonhos? Será que a vida nos ensinou a sonhar diferente? Ou simplesmente aprendemos que é melhor ficar acordado, pois a realidade pode ser muito mais interessante do que sonhar?
Enxergar e vivenciar o mundo acordado por vezes pode nos trazer a dor, o medo e o sofrimento, mas também traz consigo a alegria de viver o instante, de sentir o pulsar do sangue nas veias, o coração acelerado, as borboletas no estômago…
Sim Dona Elis Regina, Belchior estava certo:
“Viver é muito mais que sonhar”.
Daniela Amaral
Curitiba, 15 de janeiro de 2024
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